A guitarra bem reconhecível em "Got Love If You Want It" não deixa dúvida: é um disco de Billy Gibbons mesmo. Apesar de quase achar que a maioria das faixas é alguma sobra de estúdio de sua banda principal, essa primeira canção é uma boa introdução até mesmo para quem não gosta de ZZ Top, mas deseja conhecer um pouco mais a carreira desse grande guitarrista e compositor. A curtinha "Treat Her Right" tem uma história sobre tratar bem uma mulher – a melodia é boa para dançar.
O blues folk de "You're What's Happenin', Baby", por ser a mais longa do disco, coloca Gibbons na posição de poder improvisar e fazer longas partes instrumentais durante os quase sete minutos, apesar de ter um rap duvidoso na segunda metade. Toda no piano, "Sal Y Pimiento" é legal e é a primeira de quatro canções com títulos em espanhol (a proximidade de Texas e México criou esse tipo de mistura musical no estado americano), já "Pickin' Up Chicks On Dowling Street" parece ter sido composta nos anos 1980, porque soa muito como um hard rock daquela época.
Os efeitos em "Hombre Sin Nombre" tiraram um pouco a graça dela, que tinha potencial para ser um blue rock bem interessante, enquanto a salada entre rap e rock aparece na fraca "Quiero Mas Dinero", outra de bom potencial que poderia ter soado um pouco melhor, e "Baby Please Don't Go" recoloca Gibbons na habitual simplicidade em uma canção que é mais a cara dele.
Não deixa de ser engraçada a tentativa de cantar o refrão de "Piedras Negras", principalmente a palavra em espanhol – ele força o máximo que pode para pronunciar corretamente, o que não deixa de ser louvável. Mais um momento rap, agora em "Perfectamundo", mostra que a insistência funciona de vez em quando. E o blues "Q-Vo" encerra o trabalho, que está longe de ser genial. Mas, nessa altura da vida, Billy Gibbons, ao que parece, só quer se divertir. E está conseguindo.
